sábado, 27 de março de 2010

“É preciso ter muito amor na profissão”, diz jornalista do Jornal Agora para jovens estudantes

Nesta quinta-feira, 26, os alunos da Faculdade de Comunicação e Artes (FCA) do Centro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio (CEUNSP), assistiram a uma palestra oferecida pelo professor Pedro Courbassier e ministrada pelo jornalista Luís André Rosa.

Luís André Rosa, também conhecido como “Rosinha” – como é chamado pelos mais íntimos – palestrou durante 1 hora e 30 minutos. Luís é repórter esportivo do Jornal Agora de São Paulo - publicação da Folha de São Paulo. O projeto inicial do jornal foi criado em 1999. Desde então ele vem fazendo muito sucesso entre o público-alvo, que atinge pessoas de classe C e D. Hoje é um dos jornais mais vendidos em bancas, ficando em 4º lugar do pais.

O Agora tem um estilo “popular”. Segundo Luís, escrever para um jornal desse tipo é mais difícil do que escrever para jornais de classe A e B (exemplos da Folha e do Estado de São Paulo). Quando questionado o porquê de ser mais difícil, ele respondeu que é porque envolve muita linguagem popular, muitas gírias. “Temos que procurar saber o que interessa mais a uma população de classe média e baixa. Claro, eles lêem sobre política, mas o que mais interessa é o que está acontecendo no seu bairro, na sua rua”, diz Luís.

Rosinha falou sobre o aspecto financeiro do jornalista. “Estou há 14 anos no mercado porque amo a profissão, e não porque quero ganhar bem”. Segundo ele, jornalista não tem finais de semana e não ganha bem. “Além do mais, não ganhamos hora extra também. E podem ter certeza que todos tomarão calote, não se preocupem”, disse, provocando gargalhadas nos estudantes.

Luís falou como um repórter esportivo atua. “Você tem que colocar para o leitor tendências do que realmente pode acontecer na partida, preços de ingressos, quem irá jogar...”. Nesse momento ele foi interrompido pelo professor Pedro, que comentou que um bom jornalista tem que estar atento 24 horas por dia. “Se cair a força, é bom que vocês tenham um radinho de pilha em mãos”, disse Pedro.

Quase no final, Luís foi ovacionado por alguns estudantes enquanto o restante saia as pressas para não perderem seu transporte de volta para casa. Conversas entre os estudantes depois do término da palestra foram grandes. Muitos questionavam se iriam se dar bem, se iriam continuar, se realmente era isso mesmo que eles queriam. Mas ao mesmo tempo em que esse tom de dúvida persistia no ar, muitos também comentavam que queriam ir longe, que tinham sonhos e que Luís abriu a mente de todos. Esses 4 anos de convivência entre os estudantes, promete.

sexta-feira, 12 de março de 2010

O Colocador de Pronomes

A história é um dos contos do livro “Negrinha”, publicado em 1920. Monteiro Lobato utiliza muito da linguagem culta, sendo até radical em relação à maneira de escrever. Ele usa verdadeiras preciosidades no tratamento do idioma.

“O colocador de pronomes” conta à história de Aldrovando Cantagalo, um rapaz que veio ao mundo em virtude dum erro de gramática. Pois bem, seu pai, um pobre escrevente se apaixonou por Laurinha, uma das duas filhas do coronel Triburtino. A outra, era Do Carmo.

Certa vez, o pai de Cantagalo escrevera uma carta para Laurinha, com os seguintes dizeres: “Anjo adorado! Amo-lhe!”. O coronel pegara a carta, e sem exitar, mandou chamar o escrevente. Diante do pai de Do Carmo e de Laurinha, o escrevente se encontrou em uma posição não muito agradável. Mas o coronel concordou com casamento, mandou chamar Do Carmo para se encontrar com o seu noivo. O escrevente desesperadamente e cheio de coragem falou: “Laurinha, quer dizer o coronel...”. O velho sem pensar duas vezes respondeu: “Se amasse Laurinha, deveria ter dito amo-te, como você disse amo-lhe, declara que ama a uma terceira pessoa, não acha?”. Daí então, podemos entender porque Aldrovando, filho do escrevente, veio ao mundo em virtude dum erro de gramática.

Para não cometer o mesmo erro que seu pai, Aldrovando se tornara professor, dando total atenção à colocação dos pronomes. Talvez, sua obsessão pela escrita correta fosse tão grande e possessiva, que ele queria que todos se expressassem formalmente. Quem poderia negar também, que porventura, ele não queria acabar com o monstro da corrupção? Até mesmo chegou a pedir ajuda para os políticos, onde ele reivindicava uma lei que “defendesse o idioma”, os tais políticos, cheios de corrupção, negaram-lhe ajuda.

Aldrovando queria mudar o mundo, começando pelo Brasil, pela gramática e pela corrupção. Mas o mundo já estava perdido – principalmente o Brasil - os homens eram teimosos, não havia como desviá-los do mau caminho. Mas como todo bom brasileiro não desiste nunca, Aldrovando resolveu escrever um livro, ensinando a colocação certa dos pronomes, o ponto fraco do brasileiro falar estaria resolvido de uma vez. Mas, todos os editores negaram-lhe ajuda, ele não se importou e às próprias custas resolveu imprimi-lo.Assim o fez, mas, ao escrever dedicatórias destinadas à crítica, ele se deparou com um erro horripilante: “daquele QUE SABE-ME as dores”. Aldrovando não admitiu o seu próprio erro, não agüentou tal pressão psicológica e assim como veio ao mundo, em virtude dum erro de gramática, chegou a falecer.

Será que para mudar o mundo, nós deveríamos levar tudo ao pé da letra? Claro, que ao menos poderíamos dar o melhor de si. Mas tirando o problema da corrupção, da falta de escolaridade, da falta de comunicação, tirando os problemas das grandes cidades – que por sinal não são muitos – no fundo, o Brasil não está tão ruim assim. Afinal, vivemos no país do carnaval.